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Jogos Inverno 2010

Favorito no esqui, Svindal se recupera de lesão em Miami Beach

26 nov 2009 - 15h23
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A neve mais próxima está a mais de 1,5 mil quilômetros de distância. O restante da equipe olímpica de esqui alpino da Noruega está treinando na Noruega. No entanto, Aksel Lund Svindal, campeão geral da Copa do Mundo de esqui em duas das três últimas temporadas, estava em Ocean Drive, em Miami Beach, acomodado sob um guarda-sol, usando calções estampados e coloridos e tomando uma Corona.

Svindal estava na praia já há 10 dias, e ostentava um bronzeado que servia de prova. Para ele, era como um disfarce. Ninguém reconhecia o melhor esquiador do mundo, especialmente tão longe da neve e do inverno.

¿Isso é ótimo¿, disse Svindal na semana passada. Era um dia sem nuvens, com temperatura da ordem de 27 graus, e Svindal continuava fascinado pelo movimento gentil das palmeiras, sob a ação do vento. ¿Mas eu preferiria estar no Canadá, com os dedos dos pés azuis de frio, e esquiando com o resto de minha equipe, agora¿.

Svindal não se tornou um esquiador campeão e o favorito para em quatro das provas de esqui da Olimpíada de Inverno de 2010 por evitar desafios. Estava se sentindo inquieto. A lesão na perna que o afastou do circuito mundial de esqui por um mês parecia ter melhorado, ele queria chegar logo ao Canadá para se preparar para as provas deste final de semana em Lake Louise, Alberta, o local de sua primeira conquista de Copa do Mundo, em 2005.

O que ele mais desejava era estar em plena forma para as provas em Beaver Creek, no Colorado, em 4 de dezembro. Foi lá que ele disputou duas de suas corridas mais memoráveis, uma no ano passado e a outra no anterior.

Foi há dois anos que Svindal, que estava defendendo um título no campeonato do ano anterior e liderava as estatísticas da temporada 2007/8, sofreu uma séria queda em uma sessão de treinamento na pista Birds of Prey, em Beaver Creek. Ele se lançou em um salto e, depois de alguns segundos assustadores em voo, terminou caindo de costas. Os esquis foram expelidos violentamente de seus pés. Um deles causou um corte tão profundo na nádega direita do esquiador que os cirurgiões chegaram a abrir seu abdome para avaliar os possíveis danos.

A queda foi detida por uma cerca de segurança, e ele passou o restante do mês seguinte em hospitais do Colorado e da Noruega. A violência da queda vem causando susto aos espectadores que assistem a um vídeo dela disponível online, desde então.

Svindal retornou ao esqui no ano passado. Seu corpo estava curado, mas aparentemente o mesmo não podia ser dito quanto ao aspecto psicológico. Ainda assim, ele venceu sua primeira prova de velocidade. No dia seguinte, venceu o Super-G, e um dia depois chegou em terceiro no slalom gigante. No final da temporada, ele havia uma vez mais conquistado o título geral.

Não fosse pela queda, Svindal poderia ter se tornado o primeiro homem desde o norte-americano Phil Mahre, no começo dos anos 80, a vencer o título geral por três anos consecutivos. Mas por conta da lesão ele conquistou posição permanente entre as lendas do esqui.

¿Nada chega perto do que aconteceu em Beaver Creek¿, diz Svindal, depois de uma pausa silenciosa para avaliar suas recordações. ¿Aquele foi o momento¿.

Ele esfregou os braços, como se sentisse a brisa do Ártico soprando sobre eles. ¿Ainda me arrepio em pensar¿, diz.

Svindal, 26, não tinha planejado visitar a Flórida. Cerca de um mês atrás, ele sofreu uma lesão na perna durante o treinamento. (A conexão entre a tíbia e fíbula, abaixo do joelho, foi deslocada, em sua perna esquerda), e o fisiologista que o atende em Toronto o instruiu a passar alguns dias em Miami com uma dupla de outros atletas noruegueses da equipe olímpica de inverno.

Miami? Ele nunca havia visitado a cidade, mas tinha certeza de que encontraria como se distrair, por lá, e por isso veio.

Velejou. Nadou. Leu ¿The Gospel of Lucifer¿, de Tom Egeland. Exercitou-se. Escreveu em seu blog sobre suas atividades diárias, e manteve atualizadas suas contas do Twitter e Facebook.

Pelo menos um norueguês que vive em Miami, Roy Hansen, corretor de imóveis em South Beach, descobriu o paradeiro do esquiador e entrou em contato. Hansen e seus amigos levaram Svindal para dançar e a uma festa que ainda parece tê-lo deixado incrédulo.

Mas em geral, Svindal basicamente esteve sozinho e anônimo, pela primeira vez desde que se lembra, e possivelmente pela última vez por muitos outros meses.

The New York Times
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